A HISTÓRIA DA DOAÇÃO DE SANGUE NO BRASIL
A história da doação de sangue no Brasil começa em 1879, com a descrição de experiências com transfusões de sangue realizadas até a época, em uma tese acadêmica.
Não existem relatos precisos de quando a primeira transfusão foi realizada no Brasil. Sabe-se apenas que os médicos Brandão Filho e Armando Aguinaga foram os pioneiros no Rio de Janeiro, e que umas das primeiras experiências aconteceu por volta de 1900, em Salvador (Bahia) quando o professor de Clínica Médica, Garcez Fróes, usando o aparelho de Agote improvisado por ele, transfundiu 129 ml de sangue do doador João Cassiano Saraiva, servente do hospital, em uma paciente operada de pólipo uterino.
Após o término da II Guerra Mundial, com os progressos científicos e o crescimento da demanda por transfusões de sangue, a Hemoterapia brasileira começou a se caracterizar como uma especialidade médica, e diversos bancos de sangue foram inaugurados, proporcionando oportunidades de comércio e lucratividade para muitos, uma vez que a doação de sangue era remunerada.
Nos anos 50, o fato mais importante foi a fundação da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) e a promulgação da lei nº 1075, de 27 de março de 1950, que dispõe sobre a Doação Voluntária de Sangue.
No entanto, o sistema transfusional brasileiro continuou funcionando totalmente livre de controle governamental, até meados da década de 60, e o quadro era negro: doadores profissionais “viciados” em doar sangue, sem observar os preceitos de higiene e os intervalos recomendados entre as doações; sangue coletado e transfundido sem critérios técnicos e higiênicos; freqüente transmissão de doenças.
A solução encontrada pelo Ministério da Saúde foi a formação da Comissão Nacional de Hemoterapia, em 1965. Entre as suas atividades destacam-se a implantação de registro oficial dos bancos de sangue públicos e privados, a publicação de normas básicas para atendimento a doadores e para prestação de serviço transfusional e a determinação da obrigatoriedade dos testes sorológicos necessários para segurança transfusional.
A Hemoterapia no Brasil tinha legislação e normatização adequadas, porém ainda carecia de uma rígida fiscalização das atividades hemoterápicas e de uma política de sangue consistente.
Assim, em meados da década de 70 e início da de 80, o Governo Federal começou a implantar o Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados (Pró-Sangue), estimulando a criação de hemocentros estaduais. Em novembro de 1977 foi inaugurado o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), primeiro hemocentro do Brasil. A este se seguiram outros nas principais cidades do País, tendo como diretrizes a doação voluntária não remunerada de sangue e medidas para segurança de doadores e receptores.
Na mesma época a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, iniciou uma cruzada por todo o País, que culminou em junho de 1980 com a extinção da doação remunerada de sangue no Brasil.
A década de 90 trouxe o fortalecimento da rede brasileira de hemocentros passando o governo a se concentrar, a partir de 2000, na criação e implantação de um Sistema Brasileiro de Hemovigilância em 2000, na área de Sangue, outros Tecidos, Células da Anvisa – Agência de Vigilância Sanitária.
Em 2002, a regulamentação do artigo 199 da constituição de 1988, que dispunha sobre a participação da iniciativa privada no sistema de saúde e comercialização de sangue, entre outros, foi finalmente aprovada, ficando proibida a doação remunerada de sangue.
Segundo dados da Anvisa, o Brasil possui hoje cerca de 1,8% de doadores de sangue, sendo 50% destes doadores altruístas (doam sem saber para quem) e 50% de reposição (doam para repor o estoque de conhecidos).
"QUANDO VOCÊ DOA SANGUE, UMA VIDA PODE SER SALVA".
0 comentários:
Postar um comentário